Na Rua Augusta encontra-se a segunda mais antiga garrafeira da baixa pombalina, a Casa Macário, fundada em 1913, com uma história que se estende …
Na Rua Augusta encontra-se a segunda mais antiga garrafeira da baixa pombalina, a Casa Macário, fundada em 1913, com uma história que se estende para além da viragem do século e que nos transporta, convida e seduz rumo à génese do comércio tradicional.
Em 1877, João de Andrade Corvo, Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal durante o Governo de Fontes Pereira de Melo, lançava as fundações do movimento exploratório dos territórios africanos entre Angola e Moçambique. As expedições de Serpa Pinto, Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo definiram o traçado do “Mapa Cor de Rosa” que viria a ser brutalmente repelido no Ultimato Inglês de 1890, deitando por terra as ambições da Coroa Portuguesa em estabelecer uma ligação do Atlântico Sul ao Índico bem como, o prestígio do império colonial português.
Este conturbado e heróico período coincidiu com uma crise na venda de café oriundo das colónias africanas. Nos anos que se seguiram ao Ultimato Inglês, entre 1891 e 1897, o preço do café Africano desceu drasticamente, forçando muitos donos de plantações a trocar o café pela borracha ou pela cera. Porém, um destes colonos, o jovem Macário Morais Ferreira, dono de duas roças de café em Angola, escolheu uma estratégia diferente. Em 1913, regressa à metrópole para fundar uma loja na baixa de Lisboa com torrefação própria na cave, dando origem à Casa Macário e aos famosos lotes de café Macário da mais alta qualidade, a par com o melhor chocolate e vinhos disponíveis na época.
Um dos fregueses mais entusiastas desta casa terá sido o menino Mário Soares, futuro Primeiro Ministro e Presidente da República Portuguesa. Em 1926, com apenas três anos de idade, sentava-se no balcão de madeira para saborear os apetitosos doces enquanto a mãe, Elisa Nobre Baptista, recolhia informações facultadas por um dos funcionários da Casa Macário sobre o paradeiro de João Lopes Soares, pai do menino, preso e exilado nos Açores na sequência da sua oposição ao Movimento de 28 de Maio de 1926.
Durante as décadas que se seguiram a Casa Macário viu a torrefação transferida para Anjos e a gerência cedida ao encarregado, de apelido Pereira, o qual viria a manter atividade até inícios de 1974. Foi o Sr. Carlos dos Santos Torres, proprietário do edifício e também da loja em frente, a Ourivesaria Pimenta, quem, temendo a emergência de um concorrente na fachada negociou a compra do estabelecimento por intermédio do então encarregado da Casa Macário, o Sr. Cruz.
Desde 1995, a gerência é assegurada pelo neto Luís Torres, que juntamente com a irmã Ana Maria Torres e uma sociedade, detém a Casa Macário na Rua Augusta, porta 272. Desde a sua fundação, a Casa Macário sofreu poucas alterações no que toca ao balcão e vitrines, mas mudanças significativas na oferta e utilização dos espaços de apoio. A cave que servia para a torrefação foi convertida em garrafeira de vinhos enquanto o piso de cima serve de armazém e sala de provas de Vinho do Porto, onde se realizam regularmente tertúlias e workshops. Na parte da loja, dando resposta à procura, foram introduzidos os azeites, as conservas, dando preferência à produção nacional. Mas acima de tudo, o Vinho do Porto. Atualmente, a Casa Macário assume-se como uma Garrafeira onde impera um catálogo de excelência com reservas vintage, branco, tinto ao LBV, abrangendo nas suas caves raridades centenárias, envelhecidas em casco desde o século XIX.
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